sábado, 14 de janeiro de 2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

terça-feira, 29 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

II ENCONTRO: O fenómeno religioso


Na busca de alguém ou alguma coisa que pudesse explicar os mistérios do mundo, os nossos primitivos antepassados descobriram Deus e tornaram-se religiosos.
No trovão e nos ecos dos seus próprios gritos o homem pré-histórico acreditou ouvir as vozes dos deuses; no delírio e na fúria incontrolada daqueles que eram acometidos de epilepsia e distúrbios mentais pensou estar diante de poderes demoníacos; na caça abundante, na chuva fecunda, na generosidade da natureza, experimentou as bênçãos dos céus. Perante o incompreensível, e o inexplicável, os Adãos e as Evas renderam-se a entidades sobrenaturais. O politeísmo criado pelas sociedades primitivas cedeu lugar, pouco a pouco, a apenas dois demiurgos a que os antigos persas chamaram Ormuz, o deus ou a força do bem, e Ahriman, o deus ou a força do mal.
Com os hebreus deixou de haver lugar para dois deuses: Javé é o único Deus, criador de todas as coisas, Senhor dos Exércitos, Libertador do seu povo. Todos os outros são ídolos, fruto da criação humana. O mal é obra do Diabo, o anjo caído que se rebelou contra Deus. Na ânsia de tomar conta da sua própria História e do seu próprio destino, muitos acreditam que tudo é fruto de um acaso maravilhoso que podem submeter e dominar e confessam-se ateus, excluindo a existência de qualquer divindade.
Estudar e conhecer o fenómeno religioso, hoje, não é tarefa fácil. Coloca-nos diante de centenas de denominações e seitas e confronta-nos com o nascimento de novos movimentos religiosos a cada dia. Corremos o risco de nos sentirmos confusos e derrotados perante a multiplicidade de testemunhos que se nos oferecem.

TOTAL MUNDIAL
Católicos: 1.055.209
Protestantes: 346.346
Ortodoxos: 213.991
Anglicanos: 79.074
Outros cristãos: 392.974
Islamitas: 1.155.510
Hinduístas: 804.028
Budistas: 389.154
Judeus: 16.313
Espíritas: 13.499
Confucionistas: 6.253
Xintoístas: 2.778
Ateus e sem religião: 972.578
Outras religiões: 764.321

POPULAÇÃO: 6.211.638

Cristãos: 2,08 mil milhões
Islamitas: 1,15 mil milhões
Ateus: 972 milhões
Hindus: 804 milhões
Budistas: 360 milhões
Judeus: 16,3 milhões

Estes dados mostram que mais de oitenta por cento da população mundial se identifica com alguma religião. A totalidade dos cristãos forma o grupo maior. Porém, o islamismo é a religião que mais cresce, tendo já superado em números o catolicismo.

[Revista Audácia, Outubro 2002]

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

I ENCONTRO: Formigas


Não precisei de ler São Paulo, Santo Agostinho,
São Jerónimo, nem Tomás de Aquino,
nem São Francisco de Assis
para chegar a Deus.
Formigas me mostraram Ele.
(Eu tenho doutoramento em formigas.)

Manoel de Barros

sábado, 5 de novembro de 2011

I ENCONTRO: Sobre o sentido da existência



No livro As Sereias de Titã, Kurt Vonnegut, um escritor americano de ficção científica, narra como a história humana foi manipulada de modo a tornar os seres humanos capazes de fabricar uma pequena peça de metal para uma nave espacial que se dirige do planeta Tralfamadore, na Pequena Nuvem de Magalhães, para uma galáxia distante, com a missão de entregar uma mensagem de saudações, e que se avariou ao passar pelo Sistema Solar. Se, tendo a história de Vonnegut por referência, perguntarmos qual o sentido da vida humana, a resposta terá forçosamente de ser «fabricar uma peça para permitir entregar uma mensagem numa galáxia distante». Esta resposta sugere que a palavra «sentido», além de ter o significado que acabámos de ver, também pode, pelo menos em certos contextos, querer dizer propósito, finalidade ou desígnio, como quando, por exemplo, perguntamos «Qual o sentido de fazer sofrer um animal indefeso?». Por conseguinte, a pergunta sobre o sentido da vida pode também significar «Qual o propósito ou a finalidade da vida?». Nesta acepção, a pergunta está longe de não ter sentido e de ser incoerente. Já não se trata de dizer que a vida tem significado, no sentido que o termo tem em linguística, mas de saber qual o objectivo da vida. É mesmo com este sentido, com o sentido de «objectivo» ou «finalidade», que a expressão «sentido da existência» é geralmente usada quando se fala do problema do sentido da vida. A história de Vonnegut contém ainda uma outra implicação. É impossível não ter a impressão de que se a finalidade da vida humana é produzir uma peça insignificante para permitir levar uma mensagem, também ela insignificante, a uma galáxia longínqua, a vida tem pouco que a faça merecer ser vivida. Isto sugere que para que a vida tenha sentido não basta que tenha um propósito ou finalidade. É também necessário que esse propósito tenha valor, que seja de alguma forma importante. (…) A razão está em que quando nos interrogamos acerca do sentido da vida não queremos apenas saber qual o objectivo que ela pode ter. Procuramos também uma justificação para a nossa existência, algo que lhe dê valor e que a faça merecer a pena ser vivida. Perguntar, então, qual o sentido da vida implica perguntar como devemos viver para que a nossa vida mereça a pena ser vivida. Talvez a melhor forma de entenderes isto seja imaginares-te no fim da vida, já muito idoso, às portas da morte, olhando para o passado e perguntando a ti mesmo se a tua vida teve sentido (ou, se preferires, uma vez que o resultado é o mesmo, imaginares-te agora a perguntares a ti mesmo como deves viver a tua vida para que, uma vez velhinho, possas dizer que ela teve sentido). Chegarás facilmente à conclusão de que há apenas duas coisas que interessam para responder a essa questão: 1) saber se a tua vida teve um ou mais objectivos; e 2) saber se esse objectivo ou objectivos têm valor. Se a tua resposta a estas perguntas for em ambos os casos afirmativa, então a tua vida teve sentido. Se, pelo contrário, nenhuma das tuas respostas ou se apenas uma foi afirmativa, então a tua vida não teve sentido.

Álvaro Nunes, A religião e o sentido da existência 2008