quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sétimo Encontro: Maria, a Serva do Senhor

1. RELEVO DE NOSSA SENHORA NA DEVOÇÃO POPULAR
Nossa Senhora ocupa um lugar muito importante na vida da Igreja e no coração dos discípulos de Jesus. Ao longo do ano Litúrgico muitas festas são dedicadas a Nossa Senhora: Anunciação a 25 de Março; Assunção a 15 de Agosto; Natividade a 8 de Setembro; Imaculada Conceição a 8 de Dezembro; Santa Maria Mãe de Deus a 1 de Janeiro. E muitas outras liturgicamente menos importantes.
Não só na liturgia oficial da Igreja. Também na devoção popular. Nossa Senhora ocupa um lugar de grande relevo. É profunda, entre as pessoas simples, a veneração e a confiança na intercessão de Nossa Senhora. As festas e peregrinações movimentam ainda hoje muita gente. Muitos católicos parecem chegar mais facilmente a Jesus Cristo e a Deus através da Virgem Maria.
A devoção a Nossa senhora aparece, portanto, profundamente associada à vida cristã, tendo deixado, na história do cristianismo, fortes marcas exteriores: Igrejas, ermidas e festas; orações e narrações de factos miraculosos conservados na memória do povo; valiosas obras de arte motivadas por Nossa Senhora, etc.
Encontramos também na devoção popular algumas formas desviadas: revelações privadas consideradas, por vezes, mais importantes que a Revelação bíblica; sentimentalismo superficial e procura fácil do milagre, etc.

2. MARIA NO MISTÉRIO DE CRISTO E DA IGREJA
O Concelho Vaticano II alerta que «a verdadeira devoção a Nossa senhora não consiste na emoção estéril e passageira mas nasce da fé que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos incita a amar filialmente a Nossa Mãe e a imitar as suas virtudes» (LG 67).
Vamos pois reflectir o que a fé cristã, nas suas fontes bíblicas e do magistério eclesial, nos indica sobre o lugar de Nossa Senhora na vida cristã.

2.1. Participação de Nossa Senhora na vida e missão de Jesus
Os evangelhos de São Lucas e de São João manifestam a íntima ligação de Nossa Senhora com a vida e missão de Jesus Cristo e com a vida dos crentes.
Ao narrar a infância de Jesus, São Lucas mostra a presença de Maria nos episódios marcantes da vida oculta de Jesus de Nazaré, em que se desvenda já o seu Mistério: Anunciação; Visitação; Nascimento; Apresentação no Templo; Perda e encontro em Jerusalém.
São João, por sua vez, mostra Nossa Senhora profundamente associada à «hora» de Jesus: início da vida pública e momento supremo da redenção em que Maria é entregue como Mãe ao discípulo que representa todos os que hão-de acreditar n’Ele.
A participação nos acontecimentos importantes da vida de Jesus engloba também o momento da glorificação e o do nascimento da Igreja no dia de Pentecostes. Nossa senhora participa realmente na vitória de Jesus sobre o pecado e sobre a morte (a glorificação na Ressurreição e Ascensão) através da Assunção ao Céu; e está presente no Pentecostes como Mãe espiritual de todos os crentes.

2.2. Maria Nossa Mãe
Esta associação de Nossa Senhora à vida e à missão de Jesus continua ainda hoje. «A maternidade de Maria na economia da graça perdura. Elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra até chegarem à pátria bem-aventurada» (LG 62)
Solidária com o género humano, de quem é ilustra membro, e associada à Redenção de Jesus, Nossa Senhora ocupa, portanto, um lugar de primeira importância na vida cristã. Ela é nossa Mãe na ordem da graça, atenta ao nosso caminho para Deus, preocupada com a nossa salvação (cfr. LG 53).
Mãe do Redentor ela é, portanto, nossa Mãe: «é verdadeiramente Mãe dos membros de Cristo porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis» (LG 53).
Nossa Senhora é Mãe de Jesus, não apenas no sentido biológico ou físico, mas também no sentido espiritual, na ordem da graça. Quando uma mulher do povo, que ouvia a pregação de Jesus, exclamou: «Feliz o seio que Te trouxe e os peitos que Te amamentaram», exaltando assim a maternidade biológica de Maria, Jesus acrescentou: «felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática». Desta forma indica que a grandeza da sua Mãe se fundamentava também na fé: Ela escutou atentamente a Palavra do Senhor, guardando-a e meditando-a no seu coração para compreender o seu sentido profundo, e dispôs-se a colaborar humildemente com o desígnio de Deus «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra». Assim, o reconhece a sua prima Isabel na Visitação: «Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor» (cfr. Lc 8,19-21; 2, 13; 1, 38 e 45).

3. NOSSA SENHORA CATECISMO VIVO DA VIDA CRISTÃ
Vimos, na Sagrada Escritura e no magistério da Igreja, que a grandeza de Nossa Senhor assenta na sua profunda ligação à Redenção de Jesus. Concluímos, assim, que o lugar importante de Nossa Senhora nasce da fé e não apenas do sentimento.
Como manifestar, pois, a veneração a Nossa Senhora? Como dar a Nossa Senhora o lugar que ela merece na nossa prática religiosa?
O Concílio, atrás referido, conclui que a fé nos incita a amar filialmente a nossa Mãe e a imitar as suas virtudes.

Como concretizar o amor filial a Nossa Senhora?
a) Recorrendo a Ela, entregando-nos ao Seu cuidado materno através da oração. Esta confiança na protecção de Nossa Senhora tem sido constante ao longo das gerações e ainda hoje deve caracterizar todos os discípulos de Jesus. Vem desde o séc. VI esta bela oração a manifestar a confiança na ajuda materna de Maria: «À vossa protecção recorremos, ó Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos ó Virgem gloriosa e bendita».
Algumas formas de oração a Nossa Senhora tornaram-se muito populares. Entre elas merece especial destaque o Rosário (terço), chamado o breviário do povo, continuamente recomendado pela Igreja como oração da família. Recitado como oração familiar ajuda realmente a orientar para o Senhor a vida do lar. Ao longo das dezenas do Rosário pedimos a intercessão de Nossa Senhora e, na sua companhia, aprendemos a meditar os mistérios de Jesus (acontecimentos principais da vida de Jesus que manifestam o mistério da Sua pessoa).

Como e quando rezar a Nossa Senhora?
b) O amor filial à Virgem não pode limitar-se a pedir a sua intercessão. Deve manifestar-se também na imitação das suas virtudes. Ela é a Serva do Senhor que nos apresenta Jesus como luz e salvação e que nos orienta para Jesus. Nossa Senhora foi realmente a primeira e mais perfeita discípula de Jesus. Ensina-nos, não apenas com doutrina, mas com os exemplos concretos da sua vida. O Papa Paulo VI chamou-a «catecismo vivo» onde podemos aprender na prática como deve ser o discípulo de Jesus.

Que atitudes cristãs mais importantes podemos aprender com Nossa Senhora?
- Ensina-nos, antes, de mais a escutar a Palavra do Senhor e a guardá-la no coração.
Maria realmente escutou e compreendeu a mensagem da Anunciação. Continuou a escutar os vários personagens que aparecem na infância de Jesus. Escutou depois a Palavra do Senhor. Escutava e guardava no coração procurando compreender e aprofundar.
A devoção à Mãe do Céu orienta-se, assim, a escutar a Palavra de Deus, a meditá-la no coração e a aprofundá-la cada vez mais.
- Ensina-nos também a colaborar na realização do plano de Deus. Ela mostrou-se disponível e obediente. Apresentou-se como Serva humilde colocando a sua vida ao serviço do plano divino.
Seguir o seu exemplo é participar também no apostolado da Igreja para que a salvação de Cristo se estenda ao mundo.
A devoção a Nossa Senhora conduz-nos portanto a Jesus: incentiva-nos a segui-Lo e integra-nos na Igreja.
Maria resume a esperança do Antigo Testamento e da Igreja – Ela é chamada a estrela da Manhã: «Assim como esta estrela, conjuntamente com a Aurora, precede o nascer do sol, assim também Maria, desde a sua Conceição imaculada, precedeu na história do género humano, a vinda do Salvador, o nascer do Sol da Justiça» (RM 3).
Aprendamos, portanto, com ela a esperar e a preparar a vinda do Senhor, «Sol que ilumina todo o homem que vem a este mundo».
A. Marto - M. Pelino

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