segunda-feira, 25 de outubro de 2010

História da Igreja II

2. O Messias

Nazaré era uma pequena povoação, uma aldeia entre tantas outras da região da Galileia. Quem passasse por ali veria um ajuntamento desordenado de casas numa encosta rochosa, com uma fonte nas proximidades, cuja água havia atraído seus primeiros habitantes.
Nazaré não tinha boa fama. Ainda hoje existe um ditado na Palestina que diz: "A quem Deus quer castigar, com uma nazarena o faz casar". Aliás, Natanael, ao saber que Jesus era de lá, perguntou a Filipe: "De Nazaré pode vir algo bom?".
Neste lugar desprezado por todos vivia uma jovem, desposada por um carpinteiro chamado José. Embora provavelmente não chamasse a atenção, a não ser por sua profunda piedade, fé e pureza de coração, tinha sido ela a escolhida, a eleita de Deus para ser a Mãe do Messias. O Salvador esperado por Israel e profetizado nas Escrituras, que libertaria o povo da opressão e implantaria um Reino maior que o de David.
Maria, a cheia de graça, soube por um anjo qual era a decisão de Deus... e disse sim.
Adoptado por José, Jesus nasceu em Belém, na Judeia, talvez entre os anos 6 e 7 antes da nossa era (outros situam o seu nascimento entre 4 e 5 a.C. - há controvérsias; o monge sírio Dionísio, o Pequeno, no séc. VI, cometeu um erro na hora de fixar a divisão em a.C. e d.C., adiantando a data do nascimento de Jesus em alguns anos). Durante trinta anos viveu "escondido". Ajudava o pai e a mãe, cuidava de tarefas domésticas, estudava a Torá, aprendia o ofício de carpinteiro, "crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens" (Lc 2,52).
Um dia, arrumou suas ferramentas, despediu-se de sua mãe, e partiu rumo ao rio Jordão, onde seu primo, João Baptista, pregava e baptizava.
Depois de ser baptizado e de passar algum tempo no deserto, Jesus deu início ao seu ministério público. Escolheu doze Apóstolos — os fundamentos de sua Igreja, entre os quais se destacam Pedro, Tiago e João. Atravessou a Palestina várias vezes realizando milagres e pregando o Reino de Deus. Boa parte dos seus ensinamentos foram proferidos na Galileia: a oração do Pai Nosso, as bem-aventuranças, o anúncio da paixão... Sua visão da Lei e seu modo de agir incomodam os responsáveis pela religião oficial que começam a tramar meios para eliminá-lo. O modo como se relaciona com Deus - seu Pai, e a afirmação velada de sua divindade, eram intoleráveis para os fariseus e os escribas.
No final do ano 29, Jesus desce lentamente para Jerusalém. Sabe que sua hora está próxima. A festa do domingo de Ramos é logo sucedida pela prisão, pelo processo diante de Pôncio Pilatos, procurador romano, e pela condenação à morte na cruz.
Provavelmente no dia 14 de Nisan do ano 30, ou 7 de abril no nosso calendário, uma sexta-feira, Jesus de Nazaré morreu crucificado juntamente com dois ladrões. No madeiro foi cravada uma placa com a inscrição: «Jesus de Nazaré, rei dos Judeus», escrita em hebraico, grego e latim. Ao pé da cruz, estavam um grupo de mulheres, incluindo sua mãe, e um discípulo. Depois do suplício, o corpo de Jesus é colocado por alguns seguidores em um sepulcro ali perto. Tudo parecia terminado.
É fácil aceitar que Jesus morreu. Mas sua ressurreição é algo que surpreende e escandaliza, que parece ferir o bom senso e a razão. No entanto, é exactamente isto que os Apóstolos testemunharam três dias depois do "desastre" em Jerusalém: Jesus ressuscitou, ele vive!
A ressurreição é o fulcro, a base de toda a fé cristã: "...se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé..." (1Cor 15,17).
Jesus apareceu várias vezes aos Apóstolos. Deixou-lhes instruções, preparou-os mais um pouco para o que viria a seguir. Quarenta dias depois da Páscoa, "subiu aos Céus", não sem antes prometer outro Paráclito para conduzir a sua Igreja.

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