3. Nasce a Igreja
Os Evangelhos mostram a Igreja como um barco, no qual Jesus está presente, embora em alguns momentos pareça estar dormindo (Mt 8,23-27). O mar que este barco atravessa é a História, às vezes calma, outras vezes turbulenta e ameaçadora. Há quase dois mil anos que o barco saiu do porto de abrigo. Não sabemos quando chegará ao seu destino, mas temos certeza de que Jesus nunca o abandonará.
A Igreja é um projecto que nasceu do coração do Pai, prefigurada desde o início dos tempos, preparada na Antiga Aliança com Israel, instituída por Cristo Jesus. A Igreja é o Reino de Deus misteriosamente presente no mundo. Ela se inicia já com a pregação de Jesus. Foi dotada pelo Senhor de uma estrutura que permanecerá até o fim dos tempos. Edificada sobre Pedro e os demais Apóstolos, é dirigida por seus legítimos sucessores.
A Igreja começa e cresce do sangue e da água que saíram do lado aberto do Crucificado. Nela se conserva a comunhão eucarística, o dom da salvação oferecido por Jesus em nosso favor.
A Igreja é indefectivelmente santa, sem mancha e sem ruga, porque o próprio Deus habita nela , santificando-a por Sua presença. O pecado dos fiéis não lhe pertence. Só em sentido derivado e indirecto se pode falar de "Igreja pecadora".
No dia de Pentecostes, "a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a pregação" (Ad Gentes, n. 4).
O Pentecostes aconteceu por volta do ano 30. Estavam todos reunidos: os Apóstolos, Maria, familiares de Jesus, algumas mulheres. Um ruído de ventania desce do céu. Línguas como de fogo surgiram e se dividiram entre os presentes. Todos ficaram cheios do Espírito de Deus e começaram a falar em outras línguas.
Esta assembleia inicial, esta kahal, ekklesia, igreja, é o princípio. Depois do prodígio das línguas, Pedro dirigiu-se à multidão reunida na praça e fez uma memorável pregação. Muitos se converteram, especialmente judeus vindos da Diáspora. Estes levaram a Boa Nova aos seus locais de origem, o que provocou o surgimento, bem cedo, de comunidades cristãs em Damasco, Antioquia, Alexandria e mesmo em Roma. Alguns helenistas, no entanto, permaneceram em Jerusalém. Para cuidar de suas necessidades materiais, os Apóstolos escolheram sete diáconos.
Filipe, um dos sete, evangelizou em Samaria (foi lá que Simão, o Mago, ofereceu dinheiro aos apóstolos Pedro e João em troca do Espírito Santo, donde o termo simonia - tráfico de coisas sagradas e de bens espirituais) e anunciou à Boa Nova a um etíope, funcionário da casa real de Candace.
Estevão (identificado como amigo e colega de estudos de Paulo) era o diácono que mais se destacava. Por causa sua pregação incisiva, é detido pelas autoridades judaicas, julgado e apedrejado como blasfemo. Torna-se o primeiro mártir da História da Igreja. Enquanto é assassinado, perdoa os seus perseguidores e entrega, confiante, a sua vida nas mãos de Jesus.
O manto de Estevão foi deixado aos pés de um jovem admirador do ideal farisaico chamado Saulo. (Afinal, seu amigo!)
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