quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Historia da Igreja V

5. O fim de Jerusalém
Cansado da brutalidade dos procuradores Albino (62-64) e Géssio Floro (64-66), e incitado pelo movimento zelota, o povo judeu revoltou-se. Em Cesaréia e Jerusalém houve grande agitação social. A fortaleza Antónia e o palácio de Herodes foram consumidos pelas chamas. As suas guarnições foram massacradas. Ataques contra guarnições romanas rebentavam em toda a Palestina.
Durante o inverno de 66-67, o legado da Síria levou doze legiões pela costa mediterrânea e conseguiu chegar aos muros de Jerusalém, mas foi derrotado pelos guerrilheiros judeus. A vitória exaltou os ânimos dos rebeldes. Chegaram a ser cunhadas moedas de prata com a data do "primeiro ano da liberdade" de Israel.
Roma reagiu com força. Em 67 Nero enviou o general Vespasiano que com sessenta mil soldados devastou a Galileia. Mas ao chegar à região montanhosa do país sofreu várias derrotas, algumas bem graves.
Na Páscoa do ano 70, Vespasiano, sucessor de Nero (depois de alguma confusão), enviou o seu filho Tito para Jerusalém, com todas as forças necessárias. A Cidade Santa foi cercada.
Depois de cinco meses de horror o cerco termina com a vitória dos romanos. Jerusalém é reduzida a ruínas, o Templo incendiado e muitos cadáveres ficaram apodrecendo pelas ruas. A resistência judaica ficou reduzida a grupos insignificantes.
O último reduto situou-se em Massada. No ano 73, Flávio, legado da Judeia, triunfa sobre os revoltosos sicários chefiados por Eleazar, os quais, para evitarem uma humilhante rendição, preferem matar-se uns aos outros.
Tais fatos só contribuíram para aumentar ainda mais a tensão entre judeus e cristãos. O historiador Tácito fala de um comentário feito por Tito, evocando "a luta de uma destas seitas contra a outra [judeus e cristãos], apesar da sua origem comum".
Por volta do ano 93, o historiador judeu Flávio Josefo, no seu livro Antiguidades Judaicas, descreve detalhadamente o cerco e a destruição da cidade santa.
No começo do século II o imperador Adriano (117-138) ordenou a reedificação de Jerusalém. Mas, ao mesmo tempo, mandou encher a cidade de ídolos. As sobras da resistência de Israel ficaram inflamadas. Um pseudo-messias chamado Bar Kókeba, e um certo rabi Akiba, incentivam a revolução.
Mais três anos de horror se sucederam. Os fanáticos combateram em duas frentes: contra os romanos e contra os cristãos. Roma esmagou impiedosamente os agitadores. Bar Kókeba foi degolado e os sobreviventes dispersos. De futuro, os judeus só poderão aproximar-se novamente de Jerusalém apenas de quatro em quatro anos, para poderem chorar e lamentar a sua desgraça.

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